
Não sei a razão porque lancei esse livro. Na época nem sabia o que seria literatura. Não sabia o que seria ser um escritor. Não sabia de nada. Simplesmente, minha namorada da época disse: “João, escreva um livro”. Eu perguntei: “Que livro?”. E ela respondeu: “O livro com os textos que você me manda por e-mail todos os dias...”
Eu acreditei nela e procurei Antônio Nykiel, meu grande amigo. Ele falou “deixa comigo” e diagramou e fez a capa, mostrada para mim pela primeira vez no Dique do Tororó, no estacionamento da Fonte Nova. A impressão foi de Sérgio Pretto que me entregou os 250 exemplares na véspera do evento, aliás, numa madrugada prévia à festa.
E assim foi feito. Esse livro é resultado do pedido dessa antiga namorada e de um velho amigo que trabalhou num jornal comigo em Lauro de Freitas. Esse amigo assina a apresentação do livro, é meu único livro que tem apresentação, aliás gosto demais. Foi ele quem me batizou como escritor, foi quem disse que eu era um escritor e não jornalista. Foi ele quem primeiro leu um texto meu na vida. Amo esse livro. Pena que não tenho mais o arquivo no meu computador. Se perdeu com o tempo, não sei onde estão os textos daquela época. Tenho disquetes em casa, mas hoje em dia ninguém usa disquetes.
Mas tenho três cópias do livro comigo. Só tinha uma cópia, mas acabei achando as outras duas na “estante virtual” e comprei os dois exemplares que eu vi. Muitos amigos também têm esse livro. O lançamento foi no Rio Vermelho, no Largo de Santanna, no antigo bar Bitúrico. Foi em 2007 no primeiro sábado após o carnaval.
Montaram um palco e Sérgio Almeida e Sérgio Teles, diretor e ator de teatro respectivamente, fizeram a cerimônia de abertura do evento. Meu grande amigo Maurício Baia veio do Rio somente para tocar na noite, e também lançou seu disco “Habeas Corpus” para todo o público. Foi massa. Foi uma cachaça da porra e meus pais estavam lá.
TRECHOS:
O homem só
O homem completo é só
O seu amor é todo.
Quando partidos descem labaredas
pois espelhos refletem medos coletivos.
O homem sozinho não se pertence.
O amor expandido o traduz
O seu amor é todo.
Quando partidos descem labaredas
pois espelhos refletem medos coletivos.
O homem sozinho não se pertence.
O amor expandido o traduz
O coração é bomba que acende idéias e almas
E a alma única explode de eus.
E a alma única explode de eus.
*
Negros olhos
Partido em dúvidas
o amor espalha sentimentos confusos
Cega telepatia
Corações desencontrados
Saudade futura de loucos beijos apagados
A rosa brilha ainda
E o sol reflete desejos coloridos
São sonhos molhados
Desarrumando cabelos
Envoltos em todas as chuvas
*
Camaleão
O cinza do céu camufla o azul que vem por trás.
E camuflando outros azuis as nuvens voam
pois anunciam tempos de águas limpas.
Descamufla cinza e aparece o sol!
liberando raios amarelos secantes de tudo.
E camuflando outros azuis as nuvens voam
pois anunciam tempos de águas limpas.
Descamufla cinza e aparece o sol!
liberando raios amarelos secantes de tudo.
*
Vulcão solar-cardíaco
Fogo envolto por pele.
No corpo escorre nos rios de sangue.
São lavas de um sol vermelho esquerdo no
São lavas de um sol vermelho esquerdo no
peito.
É vulcão intermitente
que explode brasas
que explode brasas
como gotas nascentes de uma chuva quente.